terça-feira, 9 de junho de 2009

A corrupção, mesmo quando provada e condenada, compensa


Domingos Névoa, empresário da Bragaparque, tentou subornar o vereador da Câmara de Lisboa, Sá Fernandes. Tudo foi gravado pela polícia. O montante do suborno era de 200 mil euros.
Com estas provas irrefutáveis foi praticamente um caso inédito de condenação por corrupção activa em Portugal, a 23 de Fevereiro de 2009.

Resultado: uma multa de 5 mil euros, ou seja, 2,5% do que estava disposto a gastar no suborno.
Ficou igualmente gravado pela polícia que Domingos Névoa disse: "Nisto não sou virgem. Conforme faço uma escriturazinha rapo dois mil euros aqui, dez mil acolá. Ponho isto num cofre para a gente ir fazendo umas ratices".
À saída do tribunal Domingos Névoa disse: "hei-de continuar a fazer o que fiz até hoje".
Obviamente compensa.

Este currículo convenceu um grupo de autarcas e outros gestores de dinheiro públicos: a 7 de Março, poucos dias após a condenação, Névoa é nomeado presidente da empresa intermunicipal "Braval". A Braval é a empresa de tratamento de resíduos sólidos do Baixo Cávado, que engloba os municípios de Braga, Póvoa de Lanhoso, Amares, Vila Verde, Terras do Bouro e Vieira do Minho. Para director-geral da Braval é nomeado Pedro Machado, genro de Mesquita Machado, presidente da Câmara Municipal de Braga e dirigente do PS. As decisões foram tomadas pela Assembleia Geral da Braval, composta pela empresa Agere, que detém larga maioria da empresa, e pelos municípios de Amares, Póvoa de Lanhoso, Terras do Bouro, Vila Verde e Vieira do Minho.

A 3 de Abril Domingos Névoa renuncia, depois de muitos movimentos de indignação e petições online.

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