Políticos e administradores de instituições e empresas do Estado têm, para além dos salários, muitas vezes, ajudas de custo muito superiores ao ordenado.Há ainda outra grande vantagem: a
reforma ao fim de poucos anos.
Exemplo de
Mira Amaral: Trabalhou
um ano e 9 meses para a Caixa Geral de Depósitos como Presidente. Saiu após este período com uma
pensão de 18 mil euros.Suponhamos que o seu salário como presidente seria 50 mil euros. Assim, ao fim de 21 meses de trabalho, teria recebido cerca de um milhão de euros. Somando outras regalias, prémios e subsídios de férias e natal, vamos calcular em 2 milhões de euros o seu vencimento nesse período.
Elevado, mas como presidente de uma grande instituição bancária, digamos que aceitável, desde que, obviamente, o critério para a sua escolha tivesse sido a competência.
No entanto, saiu a receber
18 mil euros de pensão. Como estava na casa dos 50, é justo supor que irá receber esta durante 30 anos. Ou seja, 18000€ x 14 meses x 30 anos = 7 560 000€.
A somar aos dois milhões anteriormente calculados, Mira Amaral recebe por menos de dois anos de trabalho, efectivamente, perto de 10 milhões de euros.
É claro que pode sempre morrer antes e o Estado poupar parte deste dinheiro. Ou, com o avanço da medicina, viver até aos 120 anos e receber o dobro.
É este o verdadeiro custo que temos que pagar pelo trabalho de Mira Amaral durante esses 21 meses. Não interessa se a reforma foi negociada antes e que ele já teria direito a um valor similar pago pelo BPI (ver notícia).
A questão é que a CGD (ou seja, os contribuintes) irão agora pagar este valor em troca do trabalho feito pelo Mira Amaral nesse curto período de tempo.
Casos como este, habitualmente com valores mais baixos, acontecem com centenas(milhares?) de outras pessoas: deputados que ao fim de poucos anos têm direito à sua pensão, administradores de Banco de Portugal, etc, etc, etc.
Apenas mais um exemplo:
Fátima Felgueiras recebe cerca de
3500 euros de reforma por ter sido professora durante 10 anos e autarca. Continuou a receber este valor, mesmo durante o ano que esteve fugida à justiça no Brasil.
Fontes:Mira Amaral, reforma
http://tsf.sapo.pt/paginainicial/interior.aspx?content_id=835448Fátima Felgueiras, reforma
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1247917&idCanal=21SugestãoSeria melhor e muito mais transparente que o tempo de descontos para ter direito à reforma fosse igual para todos, ou seja, 40 anos para a receber por inteiro.
Senão, é uma falsidade os valores dos salários dos políticos e afins. Como se viu pelo exemplo de Mira Amaral, o seu ganho e respectivo custo para o Estado é efectivamente muitas vezes superior ao seu salário declarado.
Isto já para não falar de muitas outras regalias, como "subsídios de reintegração" quando se deixa de ser deputado, dias de folga chamados "dias de contacto com a população", etc.
Tem que haver regras iguais para todos. Se for necessário multiplicar várias vezes os salários dos políticos de forma a eles manterem o rendimento, que se faça, mas que não se encubra os seus reais vencimentos com estes esquemas.
Sim à transparência!
PS: Quando saiu da CGD, a somar à reforma, Mira Amaral passou a ganhar mais 2800 euros mensais pagos pelo erário público, por ter sido nomeado membro vogal não executivo do Conselho de Administração da Agência Portuguesa para o Investimento (API).