A Câmara de Lisboa tem milhares de casas que distribui, supostamente, a famílias carenciadas. Isto já seria uma acção que, apesar de bem intencionada, duvidosa: com tantas famílias necessitadas, porque motivo se há-de atribuir casa a uns e recusar a outros? O que dizer então de recusar aos pobres e dar aos ricos?
Eis alguns exemplos de contemplados:
- Rosa Pimenta Araújo - actualmente dirige a Segurança Social de Lisboa - na altura da atribuição de casa era directora do Departamento de Acção Social, ganhava mais de dois mil euros líquidos por mês e tinha uma casa no concelho de Sintra. Viu o seu caso ser aprovado em 12 dias, tempo recorde face à média dos processos do género.
- Batista Bastos - Jornalista e escritor
- Isabel Soares - Chefe de divisão da Câmara de Lisboa
- José Bastos - Director de departamento da Câmara de Lisboa
- Vítor Alves e Paulo Sousa - motoristas de Santana Lopes - ambos a viverem na margem Sul, um deles a construir uma moradia, com rendimentos superiores a 2000 euros mensais
Exemplos de quem viu o seu pedido recusado:
- Andreia Santos - grávida, com um filho menor, a viver num centro de acolhimento
- Munícipe (Dezembro de 2004) com rendimento mensal que rondava os 200 euros, estava doente e não tinha alternativa habitacional.
Uma das pessoas responsáveis por algumas destas atribuições de casas era a antiga vereadora da habitação social, Helena Lopes da Costa, actualmente deputada e arguida em processo relacionado com estes casos. A própria disse:
"Disseram-me que era normal ajudar as pessoas da câmara, era uma tradição do tempo de engenheiro Abecassis".
Porque motivo temos a representar-nos e pagas por nós na Assembleia da República pessoas que para além de usarem os dinheiros públicos para "ajudar" quem não precisa, tem o descaramento de o justificar porque era "tradição"?
Porque motivo continua como directora da segurança social de Lisboa (e não é arguida no processo), quem recebeu uma casa da câmara na altura em que recebia mais de dois mil euros líquidos e tinha casa em Sintra? Ou ela tinha perfeita consciência que não tinha direito àquela casa e a recebeu por "amizade", ou é de tal forma limitada intelectualmente que pensou que as pessoas necessitadas são aquelas que recebem várias vezes o salário mínimo e têm casa em Sintra. Em qualquer dos casos devia ser despedida sem indemnização: ou por desonestidade ou por profunda incompetência. Os seus cargos relacionados com a acção e segurança social só tornam tudo mais ridículo e chocante.
De salientar que algumas das atribuições descritas continuam em vigor.
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