sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Imunidade a multas

Um caso já com alguns anos e de aparente menor importância, mas que reflecte o sentimento de impunidade que parte da classe política possui.
O deputado Ricardo Almeida, tinha sido autuado, até 2006, 18 vezes, relativamente ao trânsito automóvel, como por exemplo por circular a 200 quilómetros por hora. Quase todos os processos foram arquivados.
Ricardo Almeida afirmou-se surpreendido com o "histórico" de infracções e disse não se lembrar de ter sido autuado tantas vezes. "Reconheço que às vezes ultrapasso os limites de velocidade, mas isso é porque sou um deputado que cumpre horários. Não sou como outros que não chegam a horas às reuniões".
Para além da patética justificação, transparece claramente que ele sabia que as multas iam ser arquivadas. Ninguém persiste em infracções graves e muito graves se souber que haverá consequências.
O auto relativo ao excesso de mais de 200 km/h estava no Governo Civil de Coimbra, ao qual Ricardo Almeida juntou um pedido especial no sentido de lhe ser perdoada a apreensão da carta de condução.
O então governador civil de Coimbra, Henrique Fernandes, garantiu ao JN que não perdoará multas a ninguém, "independentemente do seu estatuto".
O que se terá passado? Terá efectivamente o deputado ter sido condenado, ou a frase do governador civil foi mais uma daquelas que fica bem na altura, sabendo que o assunto acabará por cair no esquecimento?Foi feita alguma investigação a como é possível tantas multas terem sido arquivadas? Os responsáveis por isso de alguma forma foram penalizados?
Continuamos a ter um deputado ou quem sabe noutro cargo público que justifica as suas transgressões por ter a qualidade rara de cumprir horários?

Este texto, foi escrito com base nesta notícia:http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1248640&idCanal=

Após uma posterior investigação, eis algumas respostas:
O deputado apenas pagou duas multas por mau estacionamento.
O governador civil de Coimbra efectivamente perdoou a infracção muito grave ao deputado! Reler a afirmação do primeiro, acima transcrita, em caso de dúvida.Notícia aqui:
http://diario.iol.pt/noticia.html?id=653387&div_id=4071

Sobre o que faz actualmente Ricardo Almeida? Continua deputado e é conselheiro nacional do PSD.
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1394812&idCanal=12

sábado, 8 de agosto de 2009

Lista de deputados do PSD: a passividade face à corrupção continua

A lista de deputados do PSD inclui Helena Lopes da Costa, cuja actividade na Câmara de Lisboa foi sucintamente descrita aqui.
O próprio Marcelo Rebelo de Sousa comenta: "PSD. António Preto e Helena Lopes da Costa, elegíveis para o Parlamento, por Lisboa. Ambos acusados, e não apenas arguidos, em processo-crime? (...) " (texto completo)
Pacheco Pereira é o cabeça de lista do PSD por Santarém. Escreveu, semanas antes da divulgação das listas: "renovar significa escolher pessoas que mostrem ter uma intransigência grande com a corrupção. Não basta serem honestas e sérias, o que muita gente é na política. É preciso ir mais longe, dada a natureza do meio e das suas tentações, é preciso não pactuar com quem seja menos honesto."
Não está ele a pactuar com quem seja menos honesto, integrando a mesma lista de deputados?

É assim que a Manuela Ferreira Leite ouve os portugueses e faz a "política da verdade"?

Vamos continuar a ter os dois maiores partidos coniventes ou passivos com a corrupção até quando?

Textos publicados até ao momento

  • Taguspark - parte 2
  • Propostas concretas: quem pega nelas?
  • Abaixo de zero no combate à corrupção
  • A amizade vale ouro
  • Taguspark, ou o que fazem administradores de empresas públicas
  • As regras que fazemos são para os outros
  • "Gama espera medidas concretas de combate à corrupção até Junho"
  • Ricardo Rodrigues, o rosto do PS de combate à corrupção
  • Fingir que se quer combater a corrupção?
  • Corrupção sim, precipitação não!
  • A história de Isaltino
  • Cronologia de um golpe
  • Condenações ajudam a progredir na carreira?
  • Conselho de Prevenção da Corrupção (CPC)
  • A corrupção não existe em Portugal
  • Imunidade a multas
  • Lista de deputados do PSD: a passividade face à corrupção continua
  • Negócio ruinoso para o Estado, negócio milionário para outros
  • Direitos de deputados ou privilégios de quem legisla para si próprio?
  • Acumulação de salários
  • Opinião
  • Iniciativa positiva pela transparência em Portugal
  • Gebalis: 5 milhões de euros pagos por nós para três pessoas os gastarem em uso pessoal?
  • Condenação
  • ? Qualificações: saber fotocopiar e ter um irmão deputado. Salário: 20 mil euros mensais ?
  • O combate à corrupção em Portugal
  • Reais rendimentos vs Salários declarados
  • Nomeações para a Galp
  • Competências relavantes para o cargo: amigo e do partido do Governo
  • Estado paga a advogados para defender pessoas que o Estado acusa de terem usado indevidamente dinheiro do Estado
  • Missão da acção social da Câmara de Lisboa: dar casa a quem não precisa, para além de já lhes pagar o salário
  • A corrupção, mesmo quando provada e condenada, compensa
  • 1999, Viagens fantasma
  • Manifesto